Ensaios brasilianos

mais civilizados há somente uns 30 anos que conseguiram voar. Se agora se ouvem os homens de continente a continente.

Nos arroubos da juventude a espécie ainda não pôde escutar a voz profética de alguns filhos mais sábios. Ainda crê na violência e chama sempre justa a causa do seu interesse.

A humanidade não está decrépita; está cansada. Caminha com o passo incerto dos boêmios transnoitados, pisando muitas vezes, sem sentir, as melhores e mais delicadas flores da cultura. Está cansada das maravilhas que andou fazendo nos dois últimos séculos. Exausta de sofrer e gozar.

De fartos documentos ressalta, pois, com vigor a vossa personalidade de sábio; do artista aparece, em outras tantas páginas, a alma delicada. Lastimo sinceramente todos os que ainda não tiveram ocasião de ouvir as vossas apaixonadas interpretações de Beethoven ou Chopin. E as frases emocionantes e tumultuárias do Tristan, que tanto vivem no vosso teclado.

Nascido na cidade do Rio de Janeiro fizestes os estudos secundários no Colégio Kopke — nome que recorda um dos meus mais estimados amigos companheiro numa grande obra de educação popular; no Rio terminastes os estudos superiores. Fizestes o vosso nome sem ter saído do Brasil. Fostes à Europa pela primeira vez, não como aprendiz; mas como professor que aqui mesmo teve a virtude de se aperfeiçoar e impor.

Dos maiores livros de ensino publicados no Brasil, dois figuram na vossa bibliografia: Homens e Coisas da Ciência e A Vulgarização do Saber. É difícil dizer qual o melhor. Tudo neles concorre para o brilho com que são tratados temas variados e empolgantes.

História, biologia, arte, filosofia... palpitam em ambos. Muitas vezes o escritor parece em verdade trair a feição psicológica do autor, que nem sempre

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