Depois acrescentava como lhe tinha sido penoso ver partir do coração todas as velhas crenças da mocidade. Mas, dizia, assim deve ser: "Sklave will und kann ich nicht sein!".(6)Nota do Autor
Pensou, então, em viajar como médico de bordo, cedendo ao íntimo desejo de conhecer as terras tropicais. Foi quando brotou da sua pena um lindo, emocionante e verdadeiro verso, puro e simples como os que balbucia o coração: "Ja, es ist gar leicht zu sagen Lebewohl! Doch, ach, so schwer zu tragen Lebewohl!"(7)Nota do Autor
As cartas de Fritz Müller, durante a sua permanência em Greifswald, documentam profunda revolta contra a opressão religiosa que sentia ao redor de si, tanto mais quanto no meio universitário, em que passou a viver, as ideias dominantes eram bem diferentes das que seu velho pai, sacerdote cristão, e sua irmã, lhe recordavam sempre. Os seus autores prediletos eram Karl Marx, Bruno e Edgar Bauer, Feuerbach. Duas sociedades fundaram-se na Universidade: uma contra os duelos, habituais nas escolas alemães (Mensur) e outra — "Wechsefsteuerverein" — de aspecto perfeitamente comunista.
De ambas foi sócio e mais tarde, diretor.
Quase no fim da vida, em 1893, escrevia ele a um amigo — (Oehlschläger) — relembrando Greifswald e dizendo claramente que as lutas e as discussões políticas, religiosas ou sociais daqueles bons tempos, tinham tido a maior importância no desenvolvimento do seu espírito.
Há, porém, em todo esse período da existência de Fritz Müller alguma coisa que não se pode deixar de mencionar. São os tragos fortes do seu caráter indomável, da sua sinceridade desataviada, brutal, orgânica, incontrastável.