seus princípios filosóficos — que o levaram a abençoar o cabo do machado — tudo isso, explica o incidente. Fritz Müller perdeu o emprego em 1891. No entanto, encontra-se no livro admirável de A. Möller, um seu ótimo retrato de 1886, da época mais próspera e feliz da sua vida — quando os cientistas de toda a Terra fixavam os olhos na humildade da sua casa de Blumenau, no tempo precisamente em que tinha o seu lugar no Museu... Em 1886 Fritz Müller andava em camisa, bolsa de couro a tiracolo, pés descalços, a mão direita apoiada num cajado, o chapéu desabado posto ao alto da cabeça. Era o seu uniforme de sábio e operário — as duas coisas que sempre quis ser na vida. Eis aí como se desfaz a lenda.
Digamos hoje a verdade, tal e qual ele queria...
Não foram condescendentes com o sábio os nossos governantes. Por tudo quanto ele representava de grandeza moral e intelectual, deviam ser toleradas as suas ideias nacionalistas e as suas críticas impiedosas. Umas e outras não fizeram nenhum mal ao país. Na Alemanha, e no Brasil, ele sofreu as consequências do seu indomável temperamento.
Cercado pela veneração dos sábios do Mundo, depois das atribulações passadas durante a guerra civil de 1893, recebeu Fritz Müller a 14 de dezembro de 1894, em comemoração do seu doutorado na Universidade de Berlim, uma honrosa mensagem do Colégio dos Professores.
A 21 de maio de 1897 morria, em Blumenau, o naturalista que Darwin chamou: "Príncipe dos Observadores", e nós consideramos genial dignificador da Espécie Humana.