Ensaios brasilianos

da Província, homem a quem devia, escreveu Fritz Müller, a possibilidade de realizar seus trabalhos científicos. Depois outras mais sobre o esperma de um molusco (Janthina), sobre uma nova esponja de acículas estreladas, que ele chamou Darwinella áurea, sobre as plantas escandentes. No desenvolvimento filogenético de tais plantas, julgou Fritz Müller que os estágios sucessivos foram cinco, sendo o primeiro o das que se suportam a si mesmo e o último o das providas de gavinhas persistentes. A estrutura do lenho nos caules volúveis, as mutações, naquele tempo não assim denominadas, nas begônias e nas orquídeas, o polimorfismo das pontederias, os ninhos dos cupins, as abelhas brasileiras desprovidas de ferrão — formam assunto de outras tantas páginas maravilhosas de minúcia e espírito filosófico. Uma abelha, descreveu ele, de hábitos mui curiosos. A exemplo do que fazem certas formigas, a Tataira ou abelha de fogo (Trigona sp.) — serve-se de uma larva de Membracis como "Vaca leiteira", aproveitando-se de certa secreção adocicada que o bichinho produz.

Também não quero deixar no esquecimento algumas notas de Fritz Müller sobre os sambaquis de Santa Catarina, por ele classificados em três tipos:

1 — Sambaquis formados por conchas de diversas espécies existentes no mar próximo (Vênus, Cardium, Lucina, Ostrea, Púrpura, Tritonium, Trochus).

2 — Sambaquis quase exclusivamente formados de berbigão mui comum nas águas salobras das lagoas.

3 — Sambaquis quase exclusivamente formados de Corbula sp. molusco jamais por ele encontrado vivo.

Todos os praieiros que interrogou, grandes conhecedores da região, afirmaram que estes Corbula não existem atualmente vivos em nossa costa. Destes sambaquis de Corbula retirou Fritz Müller fragmentos de

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