Ensaios brasilianos

fotografia mandou a Darwin em 1879, fêmea que carregava no dorso os ovos em via de desenvolvimento.

Em todo caso, insetos ou rãs compreende-se, sejam encontrados naquelas alturas. Mas..., um crustáceo de tipo fóssil? Pois foi essa a grande, a enorme surpresa que teve o mestre. Deixemos que ele mesmo conte a história desse maravilhoso encontro, tal como se acha nos Arquivos do Museu Nacional: "Já nos tempos geológicos mais remotos, de que nos ficaram restos fósseis, os Cytherideos — (crustáceos) — achavam-se representados por numerosas espécies, e desde então eles se têm mostrado frequentes até hoje. As espécies fósseis viviam todas no mar, sendo que ainda hoje estes pequenos crustáceos encontram-se em todos os mares.

Na água doce, povoada pela família aliada dos Cyprideos, eles são excessivamente raros; ainda não sobe a meia dúzia o número de espécies observadas nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Escandinávia. A essas pouquíssimas espécies da água doce vou juntar mais uma, que há pouco achei naqueles tanquezinhos, que nas árvores do mato virgem formam-se entre as folhas das Bromeliáceas parasitas. Ela ali vive em abundância e quase que não há bromélia sem a sua colônia de Cytherideos; é provável que, com as bromélias, ela se estenda por todo o Brasil.

Alem de ser notável por esse domicílio singular, que ela habita e por ser a primeira espécie de água doce achada na América do Sul, a espécie das Bromelias é interessante também pela sua forma insólita. As conchinhas bivalvas das numerosas espécies não só da família dos Cytherideos, como de toda ordem dos Crustaceos Ostracodes costumam ser comprimidas lateralmente, tendo o feitio de um mexilhão ou de um feijão preto; na espécie das Bromelias, pelo contrário, a conchinha assemelha-se a um grão de café, sendo a largura

Ensaios brasilianos  - Página 47 - Thumb Visualização
Formato
Texto
Marcadores da Obra