Ensaios brasilianos

muito maior do que a altura, a face dorsal convexa, a ventral plana e percorrida por um sulco longitudinal. Por este feitio da conchinha a espécie se afasta de todos os Ostracodes da atualidade até agora descritos e só entre as espécies fósseis mais antigas há uma espécie muito semelhante. É a Elpe-pinguis, descoberta por Barrande nas camadas silurianas da Bohemia; desta com efeito, a espécie das Bromélias parece ser uma cópia fiel em escala cinco vezes menor.

Foi por este motivo que lhe dei o nome de Elpidium Bromeliarum". Depois de descrever o animal com as minúcias e a segurança que eram dons individuais, Fritz Müller continua: "O Elpidium é quase o único entre os numerosos visitantes e habitantes das bromélias, que nelas nasce e morre. Muitos animais vão visitar as bromélias, seja para se agasalharem, seja para se nutrirem das substâncias orgânicas, que entre as suas folhas se acumulam, seja enfim para ali depositarem os seus ovos. Esses visitantes passageiros são variadíssimos; há entre eles vermes turbelários (Geoplana), crustáceos isópodes (Philoscia), aracnídeos, miriápodes, muitos insetos, batráquios (pererecas) e até cobras.

Outras espécies vivem lá como larvas, saindo depois de concluída a sua metamorfose, como sejam as pererecas e vários insetos ortópteros (Agrionideos), neurópteros, tricópteros, coleópteros (Paomideos) e dípteros (Culicideos, Tipulideos, Syrphideos e outros).

Nem para aqueles visitantes nem para estas larvas há dificuldade alguma em explicar a sua estadia nas bromélias. Com o Elpidium o caso é diferente. Não podendo esses pequenos ostracodes migrar de uma bromélia e muito menos ainda de uma árvore a outra, como é que não obstante isso podem eles estabelecer novas colônias ?

Ensaios brasilianos  - Página 48 - Thumb Visualização
Formato
Texto
Marcadores da Obra