CAPÍTULO I
ESBOÇO HISTÓRICO
"Eras virão em que os povos correrão em chusma sobre estas ribanceiras; estes altos barrancos cortados tão a prumo, e tão formosamente fingindo cais, serão um dia decorados de frutíferos jardins; numerosas povoações branquejarão por estas ribeiras; vozes alegres retumbarão onde hoje só reina um profundo silêncio, de vez em quando somente interrompido de feios roncos de tigres ou de agudos gemidos de tristonhas aves que aqui bordejam; tu serás, oh! formoso rio de São Francisco, verdadeiramente o coelo gratissimus animis. Tu terás enfim conhecido e apreciado o Triptólemo que deva aí ensinar a lavrar e embelezar a terra, criar comércio, desterrar a ferocidade e fazer a vida deleitosa e feliz. Este Triptólemo, teu deus e teus amores, se me não engano, já tenha nascido; já em boa hora empunhe o cetro e sobre ti lance os seus majestosos resguardos".
Assim se exprimia o naturalista Dr. José Vieira do Couto, em sua Memória sobre a capitania de Minas Gerais, escrita em 1801.
Cento e quarenta anos são decorridos e cada vez se tornam mais longínquas as realizações profetizadas pelo naturalista ilustre, que antevia possibilidades inúmeras no vale fecundo, fator geográfico predominante da unidade do Brasil. Desde 4 de outubro de 1501, quando a caravela em que viajava Américo Vespuccio