naquela localidade, desapareceriam muitos entraves à navegação do São Francisco, prescindindo-se da baldeação na cachoeira do Sobradinho por ocasião da seca. Mas, para dar importância a Juazeiro, sua terra natal, o conselheiro Fernandes da Cunha sacrificou a expansão econômica de todo o vale do grande rio.
Os governantes do Império praticaram o erro de abandonar as estradas de penetração das bandeiras, condutoras de gado destinado a povoar os currais do São Francisco, preferindo os areais e caatingas ressequidos que medeiam o espaço que separa Alagoinhas, nos confins do recôncavo, e Juazeiro, nas barrancas do grande rio. Se o traçado da estrada de ferro preferisse a orientação do caminho das boiadas e das tropas, procurando as imediações da foz do rio Grande, atravessaria regiões aproveitáveis, capazes de produzir utilidades, e a estrada de ferro não seria o fracasso econômico que experimentou tal empreendimento. A estagnação da região são-franciscana após a inauguração da via férrea em Juazeiro decepcionou todas as previsões. Analisando-se, porém, o fenômeno em seus detalhes, constata-se ser tal fracasso a consequência natural de um grande erro. Enquanto o São Francisco só permitir o acesso a embarcações de pequena arqueação, a região permanecerá em situação de absoluta inferioridade econômica, não podendo produzir para exportar, competindo com outras zonas mais próximas dos mercados consumidores. O que é fato, o que é incontestável, é que coincidindo com o espraiamento de suas águas pela erosão das margens desprotegidas e com a mais rápida fuga das mesmas para o Oceano, pelo lento desaparecimento dos travessões interceptantes, ou cachoeiras, a região são-franciscana se transforma rapidamente num deserto pelo êxodo constante de suas populações, pelo empobrecimento