PREFÁCIO
O Século XVIII é a confluência de dois mundos: um que vai acabando, o outro que vai começar... Não seria tonto - e já se fez - quem acabasse o mundo antigo e começasse o moderno, em 1715, pela morte de Luís XIV, - o antigo regime, o governo autocrático absoluto - e a dissolução monárquica, a agonia do privilégio, a reação fatal, a revolução... Não apenas a "revoluçãozinha" francesa, só a que se quer ver, mas a Revolução Industrial, o comércio e a indústria imponentes, pela máquina a vapor e pelo tráfico livre, pela intercomunicação humana, que vão aparecendo e mudando o mundo...
Recordemos. Era a monarquia de direito divino. O prejuízo gótico da herança nobre. Os povos separados como compartimentos estanques, apenas comunicantes pelos casamentos dinásticos e acordos de família. Não havia mais Pireneus, se havia casamento ou sucessão familiar, entre as cortes de França e Espanha. Os dotes de princesas eram pedaços da Nação, nas suas colônias. As colônias eram fazendas cercadas. O contrabando era pecado punido com a Inquisição. O comércio era mais ou menos impuro. O proveito dos outros era agravo próprio. Esse comércio era uma guerra. Enriquecer à custa dos outros era dever cívico. Quanto mais ouro e prata acumulados, mais rica a Nação. Portanto, para não sair metal, exportar mercadoria, importando o menos possível, para se não privar da moeda metálica: a balança comercial chega aos nossos dias...
Mas o mundo muda. A monarquia de Luís XIV acaba, no descrédito militar e econômico e moral. O Regente e Luís XV são a dissolução, ainda brilhante, mas envilecida. Com