isso, as ideias novas. Não há mais ideias inatas, com Descartes; há, com Locke, a "tábua rasa", onde a experiência das sensações se inscreve, ideias que se formam. É a morte da tradição. Os economistas mudam também de rumo, Quesnay e Adam Smith: ouro e prata não são riqueza, porém símbolos, sinais dela: os objetos úteis é que são essa riqueza. Deixa andar, laissez faire... liberdade de tráfico, de produção, direito de vender e comprar... Daí virá a liberdade... política. Reformas, reformas... As letras e a filosofia se impõem... Aufkärung...
Cada soberano do velho regime se procura adaptar aos tempos novos, às "luzes" novas, donde o regime de transição, do "despotismo esclarecido", que é transigência. Catarina da Rússia pede uma reforma de ensino a Diderot e, a Montesquieu, licença para um plágio do "Espírito das leis", útil a vinte milhões de súditos. Frederico II instala Voltaire em Potsdam, nos seus aposentos: é a filosofia ao alcance da mão. José II, na Áustria; e Leopoldo, na Toscana, são soberanos "esclarecidos". Os príncipes de Baden, Weimar, Moguncia vão pelo mesmo caminho Como os jesuítas representam a reação religiosa, caem-lhes em cima raios, de toda a parte, finalmente de Roma. Escolhem os reis homens de talento e deles fazem seus "esclarecidos" ministros: Tanucci, em Nápoles; Mongelas, na Baviera; Turgot, em França... Jorge III quer reagir a moda, em Inglaterra; reassume o poder pessoal, com quaisquer ministros medíocres, e perde os Estados Unidos, por incompetência: quando chama Pitt, é tarde...
Entretanto, esses teóricos do mundo livre, reis e ministros "liberais", ou "espíritos fortes", sem a experiência real, querem adaptar o velho mundo às ideias novas... Donde desastres e a oposição, partida mesmo da família real, da corte, das classes privilegiadas, como as reformas de Luís XVI e Turgot, e o retrocesso, o descontentamento e,... no fim, a Revolução...
* * *
Portugal estava na Europa e existia nesse século XVIII. Nenhuma muralha da China o isolava, no tempo e no espaço.