Novas cartas jesuíticas (de Nóbrega a Vieira)

da Companhia, como consta de alguns casos, que em uma carta refere o Vigário Geral daquele Estado, e são os que se seguem.

António Mendes, vindo com mulher e filhos, em uma canoa, virando-se esta junto ao porto, em parte onde a mulher saiu a pé com uma criança de peito nos braços, morreu ele afogado. O Armeiro, vizinho do Colégio, se foi à porta da Igreja dos Padres, e lhe deu de cutiladas e estocadas, dizendo que os padres o queriam botar fora, e que ele os botara primeiro. Não lhe ficou a mão folgada dos golpes, porque, chegando a sua casa, caiu em cama de doença tão mortal, que em breves dias lhe tirou a vida. Um António Leitão, morador na Iuçara (não se sabe se com doudice, ou com que outro acidente), se meteu pelos matos da Taboca e não apareceu mais até hoje. Em Tapuitapera uma mulher que foi do Borges, grande inimiga da Companhia, morreu queimada viva dentro em sua casa.

Assim ia Deus acudindo pela injúria feita a seus missionários, e dispondo a pertinácia daquele povo para um grande arrependimento, quando aos 25 de março, chegou ao Maranhão o novo Governador Rui Vaz de Siqueira, o qual conciliando primeiro, prudente e dissimuladamente, os ânimos dos moradores, e obrando em tudo conforme as ordens secretas que levava, para que se efetuasse melhor e com menos estrondo o que tanto se desejava, tratou de restituir (como de fato restituiu) os padres da Companhia a suas casas e missões. As particularidades do sucesso relata o mesmo Governador largamente em uma carta, da qual, por ser mui dilatada, se resumirão as seguintes.

Na primeira oitava do Espírito Santo, dia em que os motins passados mais se acenderam, fez o Governador junta na Misericórdia em que o Secretário leu um papel, que ele dito Governador fizera à porta da

Novas cartas jesuíticas (de Nóbrega a Vieira) - Página 314 - Thumb Visualização
Formato
Texto
Marcadores da Obra