Novas cartas jesuíticas (de Nóbrega a Vieira)

igreja, para que ouvissem os de fora e os de dentro; e logo votaram todos em favor dos padres expulsos, para serem admitidos, exceto o Senhor D. Pedro que assim na mesma junta como em todo o tempo antecedente fez notáveis diligências por fazer verdadeiras as suspeitas que os padres tinham de sua boa vontade. Vendo pois o dito D. Pedro que todos uniformemente votavam se restituíssem os padres a suas casas, começou a relatar contra eles todos os pretextos com que no caso se tinha procedido, e, dizendo para o novo Governador que os moradoras o enganavam, por que eles não queriam padres da Companhia, se levantou um cidadão, que o mesmo D. Pedro avaliava pelo mais dificultoso, e disse: sim queremos, Senhor D. Pedro etc.

Sossegou o Governador esta prática; mas, tornando D. Pedro segunda vez com ela para o Povo, se levantou um deles, e lhe disse publicamente: se os lançamos fora, foi porque os criados de V. Sª nos disseram que assim o fizéssemos. Com que, irritado, D. Pedro brotou em algumas palavras, a que o Governador atalhou, mandando repicar os sinos, como se fez, e levando ao dito D. Pedro para sua casa, dando todos muitos vivas ao novo Governador pelo que tinha obrado, e obrigando ao mesmo D. Pedro a que os desse. Sobre a tarde se recolheu D. Pedro à casa de Santo António, fazendo-lhe o Governador escolta ao largo, por temer que o descompusesse ainda mais. E o Governador fez oração na Igreja do Colégio, que havia um ano estava fechada, e no dia seguinte se disse nela missa cantada, a que assistiu o Governador, acompanhado de tudo que havia no Maranhão. Quem cantou a missa foi o Vigário Geral do qual escreve o mesmo Governador o muito que o ajudara nesta ação, encarecendo a paixão, zelo e valor com que sempre se houve em favor

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