Novas cartas jesuíticas (de Nóbrega a Vieira)

dos padres sem que bastassem nunca a pervertê-lo ainda as maiores violências dos amotinados. Diz mais o dito Governador que também o ajudara muito o Vigário da Matriz; e, que, finalmente, já todos clamam pelos padres, contra quem tanto clamaram. Mas, tornando ao Senhor D. Pedro, depois de dificultar sumamente ao Governador o negócio da restituição dos padres, vendo que nada obrava com suas exortações, saiu e se recolheu para a mesma casa de Santo António, donde um daqueles santos padres saiu a fazer missão pelas casas de alguns moradores, persuadindo-os que lhes não convinha receber outra vez os padres, máxime que nisso faziam manifesto agravo ao Senhor D. Pedro, em cujo tempo foram expulsados. E como nenhuma das traças, que intentava o dito D. Pedro, lhe sucedesse, vendo por outra parte ao Governador resoluto em restituir os padres a todo o risco, e que por suas diligências vinha o povo na restituição, tratou ele D. Pedro de se fazer autor da dita restituição, indo um dia ler na Câmara uma carta que lhe escrevera o Conde de Soure em favor dos padres, que, tendo recebida e calada havia dous meses, então lhe lembrou sair com ela. Leu mais um papel seu sobre este particular, oferecendo-se à Câmara e povo, para ser medianeiro da concórdia e perdão. Responderam-lhe que havia dous meses conheciam por seu Governador ao Senhor Rui Vaz, e que por sua via haviam de responder. Mandou o Governador lançar um bando, que todo o oficial de justiça e fazenda, presentasse seus provimentos: veio o Juiz do Povo, e presentou-lhe o seu, dado no princípio do motim. Mandou-lhe arrimar a vara: e ficou degolada a bicha de sete cabeças, com que tanto assombrava o Senhor D. Pedro.

Até aqui a sustância da carta do Governador por suas palavras.

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