se sucedem, não raro, sem uma simples vírgula a separá-los, de forma que o sentido só se percebe depois de percorrida grande extensão do texto, tornando-se assim possível, por uma visão de conjunto, estabelecer-lhe pontuação razoável.
Pelos motivos expostos tivemos que desistir do projeto inicial, que era o de publicar com rigor diplomático o manuscrito, em atenção a tratar-se de um monumento inédito. Refletindo melhor, mudamos de ideia. Ninguém iria procurar no livro do sacerdote baiano exemplos sintáticos, ou modismos arcaicos de grafia. O que nele interessa é a matéria tratada, são as observações inteligentes no campo da etnografia, suas críticas cheias de verve e também de azedume, as reações psicológicas de quem se achava, pela primeira vez, quase só e sem defesa, em face de povos bárbaros regidos por potentados sanguinários.
Estas qualidades se apreciam muito melhor num texto escorreito, grafado e pontuado à moderna, com parágrafos mais frequentes, de forma a permitir ao leitor o repouso do espírito, e poupar-lhe esforço de atenção. As modificações introduzidas limitam-se, todavia, ao indispensável preparo de uma lição legível e fácil de compreender. Tudo quanto pudesse ir além desse propósito foi cuidadosamente evitado. Respeitamos todos os modismos e expressões peculiares ao autor, ainda quando menos corretos, e certos termos empregados com sentido diferente do atual. Nos escritos antigos o que há de mais curioso são as peculiaridades semânticas, que às vezes pertencem no geral à época, noutras são características de determinadas regiões, e desconhecidas fora delas, Ferreira Pires, por exemplo, mais de uma vez empregou o adjetivo "célebre", e o substantivo "celebridade" no sentido de "curioso", "estranho", "original", "fora do comum", "raridade", é não no de "notório", "notável", "famoso", "ilustre", "famigerado", que tem atualmente. Antonio de Moraes Silva, no seu