Dicionário da Língua Portuguesa, conquanto contemporâneo do autor, não consigna o termo com o significado que ele lhe atribuía. No entanto, aquela acepção era correta, teve e ainda tem vida, pois o léxico de Jayme se Séguier, bastante moderno, e sem pretensões a dar mais que os significados da linguagem correspondente, dá a "célebre" também o sentido de "extravagante", "esquisito", que foi aquele em que Ferreira Pires o empregou. O verbo "existir", no sentido de morar, estagiar, assistir, é aquele com que quase exclusivamente aparece no decorrer da Viagem de África. O sacerdote viajante também empregou o termo "palavra" com o significado de "multa", "penalidade pecuniária", "indenização", acepção que debalde procuramos nos maiores léxicos da língua, antigos e modernos. Talvez constituísse um modismo local, da Bahia, hoje desconhecido lá mesmo, e que ele fosse um dos poucos a registrar por escrito; ou então um africanismo pouco corrente, com que travaria conhecimento por ocasião de sua viagem. Seja como for, respeitamo-lo, e o leitor o encontrará nas passagens em que o autor julgou dever empregá-lo.
A reprodução fotozincográfica de algumas páginas do texto original permitirá fazer-se uma ideia da linguagem escrita de Vicente Ferreira Pires.
Provavelmente por se tratar de trabalho tão incorretamente composto, e por autor com pecha de letras-gordas, não haja sido impressa a Viagem de África na época em que a matéria nela versada gozaria do atrativo da atualidade. Mais tarde caiu naturalmente no olvido, e apenas a patriótica curiosidade do Bispo-Conde de Coimbra, levantando a poeira das bibliotecas e arquivos em busca de narrativas de expedições feitas pelos portugueses em terras d'além-mar, logrou, por um instante, erguê-la da ignorância e indiferença em que jazia. Nossos tratados e histórias literárias não a mencionam, sequer.