britânico. Não poderiam tais livros, portanto, exercer acentuada influência na França sobre o ânimo dos que pretendessem estender seu campo de ação ao novo entreposto da América. E nem mesmo de grande auxílio lhes poderia ser o trabalho de Anglievel la Beaumelle, não obstante seu prometedor título: De l'Empire du Brésil consideré sous ses rapports politiques et commerciaux. Na verdade, as informações de Beaumelle, sem maior importância em relação às possibilidades de intercâmbio comercial de sua pátria com o Brasil, eram meramente acessórias dentro do plano geral do livro.
Mais esclarecedor seria, sem dúvida, apesar de seu reduzido volume, o opúsculo que veio a intitular-se na tradução portuguesa: Documentos relativos ao Commercio dos novos Estados da America, communicados pela Secretaria Principal do Commercio de França às Principaes Camaras do Commercio do Reyno, vertidos em lingua vulgar. (26)Nota do Autor Discorre este folheto sobre as condições comerciais do México, Colômbia, Peru, Chile e Brasil, indicando as mercadorias que a França poderia mandar com boas perspectivas de lucro para o nosso país, e que eram "modas, joias, móveis preciosos, chapéus, sapatos, sedas de todas as qualidades e uma imensidade de outros artigos". Mas tratando-se de um comunicado oficial às "principais Câmaras do Comércio do Reino", não deixa de causar espécie, diga-se de passagem, esta sua observação: "Também nos podíamos fazer senhores do abastecimento dos vinhos, porque está provado que os da Província do Languedoc podem facilmente passar por vinhos do Porto, por meio de uma breve preparação; e isto havendo a precaução de os transportar em pipas de construção semelhante à das pipas portuguesas: porém se esta empresa se cometesse era preciso contentar-se, no princípio, com um pequeno lucro". Outras informações dá ainda a mesma publicação a respeito do comércio francês com o Brasil, bem como sobre "tarifas e regulamentos mercantis", mas todas elas não ocupam mais de sete de suas páginas.
Não é de estranhar, assim, o entusiasmo com que foi recebida na França a obra de Edouard Gallès, que, no gênero, parece que não encontrava outra com que pudesse ser comparada. (27)Nota do Autor