Um precursor do comércio francês no Brasil

O Journal de Commerce de Paris, de 16 de dezembro de 1828, comentava: "O comércio da França com o Brasil assumiu, nos últimos anos, grande extensão; muitas operações têm fracassado, no entanto, por falta de conhecimentos práticos sobre os artigos que convêm àquele país, sobre o seu regime aduaneiro, sobre uma porção de pequenas coisas, enfim, que, em conjunto, concorrem mais do que se pode imaginar para o bom êxito das expedições. A obra que acaba de publicar o Sr. Ed. Gallès, sobrecarga recém-chegado do Brasil, contém preciosas informações a este respeito; é trabalho que o tornará credor do reconhecimento dos armadores e do qual pretendemos voltar a ocupar-nos. Chamamos, por enquanto, a atenção de nossos leitores para o minucioso título da obra, prevenindo-os de que ele não indica tudo quanto de útil se encontra nesta publicação".

Bem mais longa é a apreciação do Journal du Havre, de 20 do mesmo mês. O articulista comprazeu-se, porém, em respigar as informações menos amáveis existentes no livro de Gallès, principalmente sobre certas práticas dos funcionários de alfândega de então, para tecer alguns comentários bem azedos a respeito do Brasil. Entendia que a obra era de um homem que sabia escrever e dum comerciante inteligente que tinha visto muito, de olhos abertos. Lamentava, apenas, que o autor tivesse abusado algo das imagens laudatórias, na longa página com que depunha seu trabalho sob a asa protetora de Balguerie Junior, membro de ilustre família bordelense, como teremos ocasião de ver.

"Nas circunstâncias atuais", escrevia L'Indicateur, de Bordéus, em seu número de 24 de dezembro de 1828, "tudo que se relaciona com o Brasil deve excitar a curiosidade pública e o interesse do comércio. A França descurou-se tanto deste país, o qual oferece não só recursos como mercados imensos à nossa indústria, que hoje devemos assenhorear-nos, com avidez, de todas as matérias que lhe digam respeito". Julgava, desse modo, que Du Brésilbem merecia os elogios que lhe haviam feito os jornais de Paris, não duvidando que o Ministro do Comércio, o que era confirmado pelas lisonjeiras cartas que o autor dele havia recebido, se apressaria a adquirir tal obra, indispensável às principais câmaras de comércio do Reino. E, paternalmente, acrescentava: "Coragem, Sr. Gallès! É belo, em vossa idade, já ter títulos que vos tornam merecedor do reconhecimento público".

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