desertos da África, para ter braços... Braços?... Insensatos! Para que servem estes braços presos nas cadeias da servidão?"
Os danos que a escravatura causava a uma sociedade indolente, acostumada a nada fazer, e de que outros viajantes pintaram curiosos aspectos, não escapariam, também, à sua atilada percepção: "E vós, classe ociosa, que repousais inteiramente sobre o trabalho destes infelizes, para a satisfação das necessidades de vossa vida material, vós desconheceis o mal involutário que vos causam vossos escravos; vós esqueceis que a máquina melhor combinada, o mecanismo mais perfeito, que ficam em contínua inatividade acabam por estragar-se um dia; vós esqueceis que os serviços e trabalhos, que exigis de vossos escravos, se ressentem sempre de sua estupidez e de seu barbarismo; vós esqueceis que poderíeis fazer numa hora o que eles fazem, imperfeitamente, num dia; e vós não refletis que, deixando tudo a cargo deles, perdeis em energia e em indústria o que eles ganham na proporção de suas faculdades." (34)Nota do Autor
E Gallès terminava, confiante na futura emancipação da raça negra: "Mais c'est assez: détournons les yeux d'un tableau dont les couleurs sinistres doivent soulever tous les coeurs généreux; et espérons enfin que le progrès des lumières excitera un jour chez ces victimes l'usage du sens commun que la nature a placé dans le cerveau de tous les hommes, et qu'en acquérant peu à peu le sentiment de leurs forces, ils finiront par se faire admettre dans la grande famille des nations, en marchant à l'aide d'un flambeau peut-être moins animé que le nôtre, mais conduisant au même but par des sentiers plus obscurs..."
Na opinião de Gallès, a Constituição do Brasil era "a mais liberal, a mais democrática das constituições contemporâneas", esclarecendo ele, no que demonstrava andar bem informado, que seus primeiros fundamentos haviam sido estabelecidos pelos Andradas, "cujas virtudes, talento e patriotismo todo o mundo conhece". E sem fazer, porém, qualquer menção às lutas já então em plena efervescência entre o absolutismo de Pedro I e o liberalismo de que o melhor pregador era Evaristo da Veiga, em sua folha Aurora