aos portos da Metropole, e estimular assim cada vez mais a sordida cobiça e prepotencia de seus tyranos. Se finalmente o brasileiro, a quem a provida natureza deu talentos não vulgares, anhelava instruir-se nas Sciencias e Artes para melhor conhecer os seus direitos, ou saber aproveitar as preciosidades naturaes com que a providencia dotara o seu paiz, mister era i-las mendigar a Portugal, que pouco as possuia e de onde muitas vezes lhe não era permittido regressar. Tal foi a sorte do Brasil por quase tres seculos, tal a mesquinha política que Portugal sempre acanhado em vistas, sempre faminto e tyranico, imaginou para cimentar o seu dominio e manter o seu ficticio esplendor. Colonos e indígenas, Conquistados e Conquistadores, seus filhos e filhos de seus filhos, tudo foi confundido, tudo ficou sujeito a anathema geral`.

Refere-se ainda, com autoridade de contemporâneo, fartamente documentado "de oitiva" pelos que o rodeavam pertencentes a gerações formadas sob o regime colonialista, ao baixo quilate dos funcionários da Coroa destacados nas colônias, causa da agravação dos males dos coloniais. ´E por quanto a ambição do poder, e sede de ouro são sempre insaciaveis e sem freio, não se esqueceo Portugal de mandar continuadamente Bachás desapiedados, magistrados corruptos, e enxames de agentes fiscaes de toda a especie, que no delirio de suas paixões e avareza despedaçavam os laços da moral assim publica, como domestica; devoravam os mesquinhos restos dos suores e fadigas dos habitantes, e dilaceravam as entranhas do Brasil que os sustentava e enriquecia...`.

Na pintura não há exagero pelo que sabemos do proceder desses indivíduos, em mor parte já corruptos no reino e muito mais nas colônias onde reinava maior impunidade. O tremendo vezo sempre caracterizou o colonialismo através dos tempos e mais variadas regiões pertencentes aos grandes impérios coloniais.