quase em trapa a fazendola; nos leilões de São Sebastião, arrematando produtores maus, como o Araçá, apenas a fim de haver receita - ele, que ainda não era rico; entretanto, enricando-se à custa de fabricar pinga, que só tem um destino, o vício, por ele mesmo verberado e coibido. Para o excelente Juca, beber pinga era pecado; como, então, fabricar pinga?
Notávamos a dificuldade no arranjar gente. Aqueles primos não eram ricos, nem havia em suas fazendas instalações confortáveis; houvera escravidão até uns vinte anos antes, sendo ainda meio estúpido o modo de levar os trabalhadores. Porém, as famílias dos agregados encontravam na fazendeira a proteção, de que necessitavam, o analgésico ao sofrimento provindo da desorganização doméstica, o emoliente à condição de miserabilidade. Dir-se-á que não, que não havia miséria. Então, contamos: quando o Badega, menino de colo, filho da Idalina, começava a gritar com dor de ouvido, como era tratado? A mãe mornava uma gamela d'água, apanhada no córrego onde refocilavam os porcos; sentava dentro o garoto; com a mesma água enchia uma bexiga de boi e, por meio de um canudo de mamona, esguichava aquilo no ouvido ao menino. Isso é miséria espiritual e material: o Badega deveria morrer de infecção, pois imundo o processo; se houvesse um pouquinho de recurso, comprar-se-ia uma seringa. Do mesmo jeito, quando apareceu o doutor Chiquitinho, a extrair da garganta do Amavel, que morreu no ato, o osso de galinha matada a chumbo, por que todo o pessoal doente não aproveitou para consultar? Ouvimos dizer que não havia enfermos lá. Mais credível se houvessem dito que lá não havia gente em boa saúde. Se faltaram consulentes para o médico, ou melhor, se só a Nica lhe foi levada e assim mesmo em pura perda, pois o falso pudor impediu a auscultação, é que a miséria espiritual considerava