luxo a medicina e a material negava dinheiro para a consulta.
Os mais abonados tinham lá algum agregado, morando na fazenda e escravizado, com a família, ao proprietário, que, para as ocasiões - colheita de café, carpa da cana, bateção do pasto - se valia de turmas volantes, que apareciam e, se se alimentavam abundantemente, dormiam como animais, amontoados em algum quartinho úmido, sobre couros de boi. Mas, e os outros, os mais pobres, como o Fino? Trabalhavam sozinhos, ou com a mulher e os filhos maiores. A mulher estava sempre criando e gestando, para ao fim ver em casa três ou quatro filhos, dos quinze ou dezesseis trazidos ao mundo. E os meninos precisavam frequentar a escola, no arraial, ao menos até ao terceiro ano. Estava-se no fastígio da imigração; mas até lá não foi um só estrangeiro importado. Melhor dizendo: chegaram uns judeus, que os rapazes da rua das Cangalhas mataram na sexta-feira santa, em represália ao que, segundo o sermão do padre Felix, haviam feito a Jesus. Para eles, "os judeus" eram aqueles judeus.
O comum, portanto, era o proprietário lavourar sozinho, produzindo imensamente pouco e vivendo na pobreza, só mitigada pelas galinhas, fornecedoras de ovos a se venderem domingo, quando se ia à missa; e pelos porcos, que se castravam precocemente, ainda mamando, e se matavam quando com um dedo de toucinho. Como ser empregado, ser dependente do proprietário assim, que mal e mal dava conta de amparar a própria família? Quando aparecia alguém, era um estropiado, sem capacidade produtora.
Todavia, às vezes a gente realizava ligeira digressão e chegava até ao Joaquim Campos - outro da irmandade que se dividira o São Bento. Muito mais interessado na tropelia do cavalo roncolho, caceteando as éguas no