fundo o sistema de ensino, de crédito, de saneamento, de propriedade, de transporte, de mecanização, praticado em países extremamente diversos do nosso, para em seguida pleitear a adoção aqui. Mal comparando, repetimos a fábula daquele vau atravessado por azêmolas: uma, pejada de sal - e aliviada pela água; outra, recurva à carga de algodão, que na água se encharcou, se fez mais pesado, e deu em afogamento.
Foi com Seu Tí que o conheci; mas, não data dali, do conde de Afonso Celso, o ufanismo brasileiro, esse falso patriotismo, essa patriotada que, além de impedir vejamos claro, acarreta dissabor ao exegeta da realidade nacional e o vinca de derrotista. Surgiu antes da nacionalidade, com o descobrimento, e tem algo de hereditário, um pouco de tara. Quatrocentos e cinquenta anos depois, todo mundo cita ainda a carta ao rei lusitano, sobre a qualidade da terra brasílica, por ele vista apenas em minúsculo torrão e nem aí analisada: tão dadivosa e boa, que em se plantando dar-se-á nela tudo. Não se tem o trabalho de ler ou relembrar a frase toda: "per bem das ágoas, que tem". Consideração, evidentemente, não de agrônomo, nem de agricultor, embora de escriba dominado, também evidentemente, por triste nota da vida rural da Lusitânia, onde os juízes determinavam dia para cada lavrador servir-se do único filete d'água à disposição de muitos. A seguir, citam-se, sem axiologia alguma e sem qualquer espírito de análise, elogios rasgados e insinceros de cronistas afoitos, ou referências de outros, só pelo nosso ufanismo consideradas elogiativas. E nunca ninguém se lembra de substituir o sovado Caminha pelo científico Saint-Hilaire, quando informa cientificamente, não depois de haver apenas caranguejado no litoral, mas após muita peregrinação estudiosa: "Iludiram-se tanto acerca das pessoas como das cousas: julgavam o país rico e é pobre;