homens públicos escrevam que "não possuímos desertos nem consideráveis superfícies de águas interiores",- como o fez o general Juarez Távora, para jornal carioca - profundamente estranhável é ainda haver quem olhe sem ímpeto de reação irosa esse negativo da realidade brasileira. Ministrar ópio à mentalidade nacional.
Entretanto, acontece mais. Malvistos, os que entendem diversamente o patriotismo; os que imaginam mais útil, e até certo ponto imprescindível, esclarecer o brasileiro a respeito do Brasil; dizer-lhe que deve ou cortar a perna ou não falar mais em rápida cicatrização; não suar em bicas ou não conclamar a amenidade do clima; mostrar-lhe bem nitidamente a realidade, escarificada de emplastros sem valor; espaventar-lhe do sótão os macaquinhos, a fim de formá-lo convicto daquilo, que é factível; mostrar-lhe o que pode vir a ser, a fim de iniciar edificação de sua pátria na terra firme do real, em vez de andar arquitetando pelas nuvens, sempre descontente do governo, e já hoje quase descrente de si mesmo, negativista a propósito de razoável futuro. Este seria o objetivo do presente ensaio, que um beócio se permitiu verberar sem ler, pois diz não saber com que intuito o escreveremos.
Sabemos preciso e bom ter capacidade para sonhar.
Mas, antes disso, muito há para fazermos.