Outro Brasil

2. A vicissitude geográfica

O suíço não tem mérito algum por causa das belezas naturais de seu encantador país; ninguém é culpado pela aridez do Saara; nem nós brasileiros poderíamos ser acoimados de possuir país tropical em quatro quintos do território. Aceitemos Jean Brunhes, quando, em Géographie Humaine, diz melhor contentar-nos com meia vitória sobre os agentes naturais do que expor-nos a catástrofes; e quando aponta isso como regra de sabedoria da adaptação geográfica. Como, porém, não conhecíamos a expressão "adaptação geográfica" nem poderíamos penetrar toda a sua magia, sair do Seu Tí e chegar ao Joaquim Campos era como tomar ducha escocesa - do jacto a quarenta para o jacto a zero: o Brasil era o paraíso da terra, como Olavo Bilac pouco depois iria dizer da Suíça; mas, na espessa geografia, até colônias figuravam antes dele, em tudo.

Se retrógrados, atados à mentalidade africana, ajamos como dos filhos do Continente negro refere Heródoto: maldigamos o sol a pino, dirigindo-lhe toda espécie de injúria, porquanto nos liquida, torrando-nos a nós e a nosso país; fazendo o deputado suar às bicas em manhã de maio. Mas, se desejosos de edificar uma pátria, larguemos simultaneamente o vezo de lastimar-nos das inclemências; e o de, ufanando-nos, incidir naquele erro mencionado por Woeikof quanto a povos atrasados - o de trabalhar à margem de sábia economia da terra, ajudando a desastrosa potência dos agentes

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