Outro Brasil

naturais. Não nos arreceemos de examinar meticulosamente o egrégio enfermo, a nação dita vasto hospital, e a respeito de cuja saúde vivemos sobressaltados, de termômetro na mão, a perguntar se vai melhorar ou piorar, de tal jeito nos atormentam os fenômenos econômicos, aqui ocorridos iterativamente. Do mesmo modo como até agora temos analisado o remédio em vez de examinar o enfermo, cuidemos de diagnosticar-nos a nós mesmos e fazer ablações no ufanismo sem análise, na patriotada irritadiça, para convencer-nos disto: somos cidadãos de país tropical; nossa pátria não ultrapassará jamais o limite fixado a essa contingência geográfica; e só conseguiremos elevá-la ao máximo atingível se desbastarmos ilusões, invadirmos o terreno do prosaico, onde se ubíqua a realidade brasileira. É a adaptação geográfica, a aconselhar-nos meias vitórias, em vez de arrasadoras catástrofes. Nada de opiatos.

Isso, entretanto, só é possível a quem possui mentalidade própria, ou possibilidade de adquiri-la; não é para pantins, como o boneco que ousou insultar-nos por causa deste ensaio, que deturpou através de citações falsas.

Vejamos um pouco a realidade geográfica brasileira. Aí, usemos a cabeça, dinamizemos cousas estudadas no banco escolar, evitando incidência na observação do pedagogo, segundo o qual não vale a pena aprender de cor e desenhar a capricho uma série de pilhas elétricas e, ao voltar à casa, não saber consertar a campainha; ou aprender aparatosamente no colégio a lei do sifão, mas não dispensar à mamãe a chamada de operário analfabeto para endireitar a caixa de descarga do banheiro. Na escola e no colégio, consideramos detestável e inútil, ao estudar geografia, a posição dos países, entre tantos graus de latitude e de tal a tal grau de longitude. Talvez compreendêssemos melhor o Brasil, se déssemos mais

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