Outro Brasil

atenção a isso do que aos tropos empurrados em nossa mentalidade informe e em nosso coração febricitante nas aulas de educação moral e cívica, onde nos injetam o ufanismo do conde, em cujo dizer aqui "as sementes plantadas adquirem maior força produtiva que alhures", sendo fácil ao lavrador "tirar das suas terras tudo quanto precisar, exceto sal, de que, aliás, se encontram no Brasil grandes jazidas"; ou a versalhada de Gonçalves Dias, a contar, sem verdade científica, que "nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores, nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores". Tudo isso, xaropada ilusógena, boa a forrar-nos de mentalidade inimiga do real, a preparar-nos para decepções e descontentamentos, a fazer-nos pobres sem virtude, ricos de vanglória, alérgicos à prosaica realidade, de que nos divorciamos irreconciliavelmente, preterindo o interminável nefelibatismo, de que, ou saímos para o prosaísmo da nossa condição de tropicais, ou para a escravagem de outros povos.

O que deve impressionar-nos é justamente aquilo que, na coreografia brasileira, mais insípido parece: o Brasil é país tropical em quatro quintos de território, pois o Trópico do Câncer corta a América do Norte à meia altura do México e o do Capricórnio a do Sul na latitude da cidade de São Paulo, de modo que só dois estados escapam inteiramente à fatal incidência - Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Fica entre as ardentes paralelas o Norte do Paraná; também entre, a quase totalidade do Estado de São Paulo. Por que nunca os professores nos ensinaram o que significa isso?

Em ligeira digressão poderíamos dizer que o parágrafo acima consta da página 14 da primeira edição, ipsis litteris: entretanto, no Correio da Manhã de 1º de novembro de 1950 o boneco, a que nos temos referido, afirma que resolvemos "demonstrar, e demonstra,

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