repartições assistenciais que assistiam de verdade; ao passo que o brasileiro andava farto de saber que, dirigir-se a repartição pública aqui, era ser importuno, era perturbar o sono das marias-candelárias, das poucas que ele não encontrava a caminho, fazendo compras, batendo pernas, ou indo a algum lugar. Quando percebeu que podia ir, era bem recebido, encontrava todos a postos e que seria efetivamente resolvido o problema que levava, o brasileiro passou a ser tão solícito quanto o japonês. Inferior, portanto, não é o povo: têm sido as administrações. Como empreendedor e realizador, em vez de cotejos apresentaremos fatos concretos: nenhum grande empreendimento houve até hoje no Brasil, que não se devesse a ele, ao brasileiro, no setor agrícola como no industrial. No primeiro, foi sempre o sapador, só acompanhado pelo alienígena depois de comidas ou espantadas as feras, depois de jugulada a natureza. No outro, no industrial, a mesma cousa. Estradas de ferro, serviços públicos urbanos, etc., são iniciados sempre por brasileiros, ficando o ádvena em expectativa, olhando se a cousa vai dar certo, esperando abertura de mercado; só após a fase inicial é que comparece com dinheiro fácil, com política administrativa, com pequeninos subornos, com gestões diplomáticas (há mais tempo, no tempo de Christie, por exemplo, com intimidações, com esquadra de fogo aceso no porto, onde estava "casualmente") e empalmam a obra feita. A seguir, uma vez digerido o filé, passam o osso ao governo nacional. Assim com a São Paulo Railway, fundada por Mauá; assim com a Leopoldina Railway, obra do império; assim com a Light and Power, criação de Antônio Prado; sempre assim. O brasileiro tem capacidade como o estrangeiro; e mais coragem, aqui.
Quanto ao governo. Esclareça-se, de início, que consideramos no fim a Idade da Aventura, a vez dos audaciosos, começada no princípio do século XIX, com