Napoleão, e prolongada até agora, devido à aliança dos mercadores. O mundo está cada vez mais um só, ao ponto de a comunidade universal não suportar governichos de quinta classe opondo continuidade à sua marcha. Os grandes problemas estão se internacionalizando, e teremos de arranjar outras gentes a resolverem a nossa parte. A administração da cousa pública vai se tornando tão difícil que os audaciosos aventureiros não ousarão, não aventurarão mais: o medo conseguirá o que não conseguiu o pudor - que se retraiam. Vamos atingindo a Idade da Ideia. A Ideia é como o lingote de ouro no porão do navio naufragado: não perde o valor; ao contrário, emergirá com ele intacto. Só a Ideia, temporariamente, conseguirá abrir sendas para o mundo através o espinheiral de dificuldades, que envolvem os magnos assuntos.
Examinemos, aliás, este argumento: se tudo há de acabar mesmo na mão do governo, pois o empresário particular abandona o serviço público quando deixa de interessar financeiramente, isto é, quando já desfrutou as vantagens e reduziu a ferro velho as instalações (volte-se aos exemplos nominais, a pouco citados), por que não empolgá-lo desde início?
E o cerne da questão. Jamais desejaríamos nacionalizações para colocar serviços em mãos de governos, como a maioria dos que temos tido e conhecemos sobejamente. Governos, que dos Correios e Telégrafos fazem agente de desintegração, pois irregulares, ineficientes, lerdos e inseguros, ao ponto de obrigarem cada população regional a polarizar-se em torno de si mesma, nada esperando dos outros integrantes da comunidade nacional. Governos, que impõem as mais pesadas contribuições do mundo, que absorvem as maiores percentagens da renda nacional em relação a qualquer outro país, e não as transformam em benefício ao contribuinte, sem assistência alguma - ao contrário, vendo a segurança pública neutralizada