Outro Brasil

cujas funções burocráticas ficaram a cargo de soldados, suboficiais, e oficiais, ao contrário do que ocorre aqui, onde os militares invadem as atribuições dos civis e são civis os heróis de guerra...

Enquanto isso ao Ministério da Agricultura se consignam pouco mais ou menos de 3%, ou seja a décima parte do que se dá ao Ministério da Fazenda para administrar nossas finanças, e três vezes menos que ao Ministério da Marinha, cuja utilidade escapa ao leigo, porquanto não possuindo o Brasil um só vaso de guerra em condições de navegar e combater, e não se destinando o orçamento daquela pasta à compra de algum, fica-se sem apreender a vantagem de numerosa oficialidade e tropa, que, no caso de luta, não poderiam ir a ela por falta de condução. Tivemos o despudor de, há alguns anos, comemorar com festas o jubileu do principal vaso de guerra, comprado em segunda mão aos turcos. País, que comemora o vigésimo quinto aniversário (nova fase) de um navio, perdeu a noção do ridículo e conclama sua condição de inerme, pois as belonaves têm baixa aos vinte anos, apesar de as possuirmos com cinquenta. Em caso de guerra, despeje tropas no litoral o inimigo. Se a população local não as espantar com suas pica-paus, tudo estará ótimo para elas: a Marinha, que nos custa o triplo do Ministério da Agricultura, não terá meios de acorrer a enfrentar o invasor. Então, para que sustentar almirantado pomposo, oficialidade garbosa, se todo esse pessoal não pode prestar serviço? É verdade que ultimamente adquirimos uns dois cruzadores. Porém, trata-se de navios valetudinários que no recente conflito haviam dado aos Estados Unidos os últimos esforços eficientes. Navios com idade para reforma, para a aposentadoria e que nosso espírito de otários ou a pouca seriedade do governo livrou aos fornos de Pittsburgh.

Outro Brasil - Página 367 - Thumb Visualização
Formato
Texto
Marcadores da Obra