Outro Brasil

Alegar-se-á que devemos aumentar a esquadra em vez de reduzir ao mínimo a oficialidade, porquanto dispensável, por inútil, toda a excedente à possibilidade de embarque e de comando. Retruca-se: as dotações à Marinha não se destinam a isso, mas apenas ao custeio de rotina. Onde os recursos para atendermos à despesa com aquisição de novos vasos de guerra? Só da agricultura poderão sair, sendo este o meio de nos aparelharmos de esquadra realmente valiosa: fechar por alguns anos a Escola Naval, fornecedora de oficiais brilhantes mas desnecessários e dispendiosos; reduzir ao mínimo o efetivo da Marinha e a quase zero o seu decorativo Ministério; destinar-lhe, digamos, o que se dá hoje ao Ministério da Agricultura; e dar a este a verba hoje destinada àquele. Com isso, seria possível beneficiar as zonas rurais, praticar a indispensável e inadiável ruralização, organizar a produção agrícola. Esta seria tal, forneceria tanta receita ao erário, que, aí sim, estaríamos em condições de proceder à restauração naval, encomendando navios modernos e vendendo ao ferro velho o atual "orgulho da Marinha", aquele calhambeque, cujo vigésimo quinto aniversário extra Turquia não tivemos pejo de comemorar há muitos anos.

Mesmo os espíritos menos prevenidos estão vendo como o armamentismo trabalha presentemente na América do Sul, engendrando guerras. Não sabemos quando chegará a nossa vez e, por isso, é prudente preparar-nos, fortalecer a Marinha e o Exército. É, pois, necessário comprar muitos navios modernos, aparelhar a esquadra para uma eventualidade. Mas, comprar navios com que recursos? Não poderemos sair desta alternativa: com os de nossa produção, que é agrícola, ou com dinheiro tomado de empréstimo. Quem nos empresta? O capitalismo estrangeiro, contra cujos arreganhos devemos comprar navios. Nossa defesa nacional estará muito bem

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