Outro Brasil

menos quanto mais soubermos que dois terços do seu funcionalismo estão na capital Federal - cousa clamorosa, sobretudo no tempo atual, quando a tendência de todos os países é manter junto ao governo central apenas o "estado maior" do Ministério da Produção, dispersando o pessoal quase todo, por quase todos os municípios do território nacional.

Só há um meio de economizar na organização do orçamento: gastar muito, muitíssimo, com a agricultura; ser generosos para com ela, na proporção da generosidade dela para conosco. Mas ainda: aproveitar tropas do Exército na construção de estradas e obras indispensáveis ou úteis à produção. Depois de alguns anos dessa política, poderemos aumentar o orçamento das Forças Armadas; não nos doerão, como hoje, as despesas feitas com oficiais sem esquadra. Até hoje, tirávamos de novos empréstimos e de novos impostos as diferenças. Agora, ninguém mais nos dá dinheiro, nem podemos aumentar consideravelmente os tributos, pois nos últimos anos houve os que subiram até de novecentos por cento, estando excedida a capacidade contributiva do brasileiro.

Ninguém ama ser Cassandra. Mas, é imperativo abordar esse aspecto de nossa administração. Indispensável chamar a atenção dos homens públicos para o dever de hierarquizar nossas necessidades e agir de acordo com o supremo interesse do país, da pátria, das gerações porvindouras. Hipertrofiar o Exército, é esvaziar o campo, imantar para ele as forças vivas, que nos sus- tentam. Dar à classe armada mais da metade da receita, é arrasar a finança de tal modo que acabaremos como o Portugal do século XV: evadindo todo mundo para a rua. Aí se verificará que as Forças Armadas não serão capazes sequer de enfrentar o exército de desesperados, que a todo transe exigirão o direito de viver. Reclama-se não é principalmente contra as excessivas dotações dos

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