Outro Brasil

de miseráveis que, aí pelas grotas recônditas, não sabem o que é assistência do poder público, o que é remédio, mesa bem posta, indumento decente, o que é uma noz, uma castanha, uma rabanada; não sabem o que é Natal. Pagam imposto quantos usam fósforo ou qualquer objeto de somenos, com ou sem selo adesivo; todos quantos comem feijão. E é essa turbamulta de maltrapilhos e famintos que contribui para que possa folgar no fim do ano o funcionalismo, em situação incomparavelmente superior à da maioria dos contribuintes, e em grande parte responsável pela degradante condição econômico-financeira do país, porque ineficiente, desidioso, burocrata, sem espírito público; só capaz de trabalhar um expediente por dia, quando luta o dia todo qualquer moça clorótica do comércio ou da indústria.

Esse funcionalismo é excessivamente remunerado, se se compara sua situação à da grande massa, que com impostos lhe forma os ordenados. E muito mal aproveitado. Vemos latagões varrendo jardins; moços fortes apodrecendo na portaria de repartições públicas, carregando papeletas de uma seção a outra, comprando cigarro para as granfinas funcionárias, quando isso tudo poderia ser realizado por viúvas ou funcionários aposentados ou degradados de condição física. Povo pobre não pode custear desperdício de valores humanos. Empregados de povo pobre não podem alimentar muita veleidade.

Não é com governos assim que desejamos as nacionalizações, nem podemos esperar deles qualquer solução aos problemas brasileiros, pois estão muito abaixo da exigência do país tropical, cheio de questões difíceis e intrincadas. Não nos referimos a ases governichos que difamam o país no exterior, aonde enviam comissões de ineptos, de filhotes jejunos dos assuntos que iriam tratar; governichos, cujo critério na escolha de homens para os

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