é o embaimento, em que se deixa cair, no ensejo de eleger; e nos favores que recebe de candidatos, ou que precisa receber dos eleitos. Mas, a desculpa não desculpa. Povo como o brasileiro, em fase de vida nacional como esta, não pode ser oportunista; há de vencer ao menos algumas tentações a seu pauperismo. Certo, só temos uma vida, que seria desinteressante deixar ir-se em branco. Porém, na vida dos povos, na da Civilização, a dos indivíduos não conta, pouco se dando à História que Fulano seja o mesmo em Austerlitz e em Waterloo; que em momento de exaltação popular, Beltrano seja estripado nas ruas de Paris com a espada de ouro ofertada pelos parisienses, após heroica atuação em determinada batalha. Aos que, em virtude à incidência de seus anos com atribulados anos da História, viverem fase difícil como esta, restará apenas o consolo de terem sido testemunhas de empolgante capítulo dessa mesma História... Essa, a condição de todos os brasileiros de hoje, de quantos lidamos nos dias que correm, não nos assistindo o direito de afastar a nossa parte no sacrifício exigido de todos, nesta hora em que todos querem viver ao mesmo tempo Bentham e Sartre. Certa vez, discreteando sobre o tema, dissemos a Monteiro Lobato: a tranquilidade de espírito não será para nós; em compensação, nossos filhos viverão dias tranquilos e melhores, de ordem social mais justa. Levando as mãos à cabeça hirsuta e grisalha, exclamou ele:
- Graças a Deus, que os meus já morreram!
Aliás Tolstói igualmente imagina maus calculistas os que, tendo planos de tranquilidade espiritual, nasceram neste século.
Vivemos época de transição, igual a muitas que a humanidade conheceu antes, nem mais nem menos graves. Quando vendo o desrespeito à própria Igreja, manifestado pela condenação de eminentes figuras do