Outro Brasil

todo e qualquer elemento, por mais impossíveis que pareçam. Aqui, onde campeia a ignorância e domina o desejo de cartaz, obtém a colaboração e corresponsabilidade dos líderes conservadores, de sacerdotes e autoridades. Basta que a cousa renda um pouco de publicidade, para que, a favor deles, no Parlamento e fora, os políticos façam discursos incendidos, daqueles de que diria François Copée, "où le bon sens souffre autant que la grammaire". A junta do coice está puxando com a da guia, atropelando a do meio, que se dane, que caia também no buraco, já que não se defende.

Precisa defender-se; eleger governos melhores, menos medíocres, mais sérios. Poderá desculpar-se: o regime eleitoral assim obriga. Sem dúvida. Embora cheios de cócegas em se tratando de democracia e liberalismo, sequer conquistamos ainda a liberdade de voto, inexistente no Brasil, onde, para votar em algum candidato merecedor de nosso apreço e julgado à altura do mandato, somos forçados a eleger todas as ovelhas negras da legenda. Isso não é liberdade de voto, nem aparente; ao contrário, é constrangimento de consciência; e, se a legislação eleitoral o determina, é por ser oriunda das camarilhas desejosas de manter domínio sobre o país. Mas, a reação vai surgindo, sendo para notar-se o caso do povo paraibano. Como se sabe, o voto é obrigatório - o cidadão é obrigado a votar; só se pode votar em candidatos registrados; só os partidos políticos podem registrar candidatos. Decorre que, se os partidos se mancomunam e registram só um candidato, aos cidadãos fica o dever legal de votar nele, mesmo quando isso repugna a sua consciência. Na Paraíba houve eleição senatorial, recentemente. Os partidos só registraram um candidato - um senhor dispondo de aparelhamento publicitário para endeusar-se a si mesmo, para apoteosar os fáceis e zurzir os recalcitrantes. Ferida a

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