PREFÁCIO
Com o seu ensaio "Muxarabis e Balcões", escrito para a Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - onde apareceu pela primeira vez - e agora publicado, com acréscimos e correções do autor, pela Faculdade de Filosofia de Pernambuco, da Universidade do Recife, o Professor Estêvão Pinto traz valiosa contribuição de historiador para o estudo sociológico do processo de aculturação que vem sofrendo em Portugal e no Brasil a arquitetura - a civil tanto quanto a de igreja - em virtude de contatos da gente portuguesa, não só com o norte da Europa - que afetou de modo notável a pintura lusitana - como com o Oriente, representado principalmente pelo mouro. Do mouro pode-se sem exagero generalizar que é a suprema eminência parda por trás do que a arquitetura doméstica em Portugal apresenta de mais característico e talvez de mais saudável, no ponto de vista da ecologia da casa de residência. O que não significa que o português não tenha sabido assimilar e desenvolver em sua cultura em geral, e na sua arquitetura, em particular, valores norte-europeus, Desde tempos remotos tem sido a gente lusitana mestra da arte de combinar, não só na sua cultura como na sua própria paisagem e no seu próprio físico, valores de origens diversas.
Resulta daí ser a cultura portuguesa, da qual se deriva principalmente a brasileira, rica em assuntos que