Muxarabis & balcões e outros ensaios

ou técnicos, os portugueses apenas portugueses, os franceses apenas franceses, etc.

Segue o Professor Estêvão Pinto o critério, que há longo tempo me parece justo, de nos aproximarmos de árabes e mouros como os mestres de higiene e arquitetura tropicais, cujas lições, portugueses e espanhois fizeram bem em adaptar nos seus sistemas de vida e cultura. O próprio muxarabi não era nem é nenhuma monstruosidade que devesse ser recebida, como foi, no Brasil nos começos do século XIX, com fúria ou violência policial, por motivos talvez só aparentemente de higiene e estética. Do assunto me venho ocupando há anos: em Casa-Grande & Senzala, em Sobrados e Mucambos, no Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife e em Ingleses no Brasil. Nesse último ensaio cheguei a levantar a hipótese de ter havido, na perseguição estético-policial-higiênica aos muxarabis, no Brasil, reflexo de interesses ingleses: os de fabricantes de vidro, empenhados em que se substituísse, num país que de repente lhes surgira do Atlântico como vasto mercado para os produtos das suas indústrias - e a do vidro era então uma das principais - o xadrez de madeira das gelosias pelo vidro de janelas "modernas".

Faz bem o Professor Estêvão Pinto em invocar a favor do muxarabi, como elemento de habitação ecológica em país quente e de luminosidade excessiva, a opinião de um mestre que não deve ser esquecido: Ricardo Severo. Severo foi, na verdade, o pioneiro mais ilustre, no Brasil, do moderno movimento de reabilitação dos elementos tradicionais - inclusive os de origem mourisca - da arquitetura portuguesa e da brasileira mais fiel à portuguesa. Movimento com o qual se articulou

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