pelas mudanças culturais, - constitui uma forma literária já explorada por numerosos escritores nacionais, entre os quais se destacam Morales de Los Rios, Luís Edmundo, Melo Morais Filho, Noronha Santos, Cursino de Moura e Gastão Cruls.
De alguns deles Mário Sette aproxima-se, sem, entretanto, se confundir com nenhum. O autor do Guia prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife é sintético, ao passo flui o autor de Arruar é analítico. Um é mais propenso ao funcional; o outro é mais inclinado ao descritivo. Nenhum, porém, obteve a animação que Mário Sette conseguiu imprimir às suas reconstituições; nenhum deu a estas a própria alma, a ponto de parecer, às vezes - como o teria notado um de seus críticos - um repórter do Dip, que evitasse os aspectos feios ou desagradáveis da cidade para somente salientar as suas coisas belas e amenas. Daí dizer Olivio Montenegro que Maxambombas e Maracatus (e igualmente acontece com Arruar) é um livro de saudades. Saudades, diria eu, de filho para pai, tanto assim que, quando Mário Sette esquece os seus laços de sangue, as cenas evocadas animam-se e tornam-se mais flagrantes. Por isso mesmo que são retocadas pelo carinho filial. Mário Sette, aliás, tinha uma daquelas qualidades de biógrafo, salientada por Luís Viana Filho em seu conhecido ensaio, que consiste na fixação de certos pormenores característicos do indivíduo. Pormenores que se, à primeira vista, parecem de pouca significação, dão entretanto, aos retratados, uma pincelada de vida. O caso, por exemplo, das figuras reais, que perpassam em suas crônicas, - Pereira da Costa, baixinho, grisalho, de preto, roupa mal-amanhada, sobraçando velhos jornais; Faelante da Câmara, com o seu pincenê de tartaruga preso a um retrós preto; Alfredo de Carvalho, garboso e galanteador, de bigodes eriçados