e Os Azevedos do Poço. A candura do tempo de Senhora de Engenho vai, pouco a pouco, desaparecendo. Surgem as figuras tenebrosas. Tem-se a ideia - observa Lucilo Varejão - de que essas figuras tenebrosas, tanto tempo retidas por Mário Sette, "rebentaram-lhe afinal o pudor" e vêm "uma a uma, com todos os seus vícios e maldades, ocupar o lugar que lhes cabia". E João Vasconcelos chegou até a enxergar em Os Azevedos do Poço um sentido freudiano. É que Mário Sette, já agora, sente as suas personagens como, outrora, segundo o confessou, sentia os seus livros. "Sou de uma geração (revela) que via na mulher um anjo". Esse anjo já não existe mais; ou, se existe, perdeu as asas.
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Quando Mário Sette vai esquecendo a sua carreira de romancista, inicia ele uma nova fase de atividade literária - a de defensor e de cronista das tradições da terra. É a época de Maxambombas e Maracatus e de Anquinhas e Bernardas. Arruar vem a ser o melhor livro dessa nova serie. Na realidade, a preocupação em descrever os costumes, alguns de caráter folclórico, de Pernambuco, já reponta em muitas de suas obras anteriores. Há cenas, por exemplo, em que o autor, servindo-se do seu poder de dominar o diálogo, do qual muitas vezes abusa, parece não abrigar outro pensamento senão o de retratar velhos aspectos e tradições de sua terra. O cronista como que querendo sobrepor-se ao moralista. Observação que não escaparia a muitos dos seus críticos, inclusive a Nelson Werneck Sodré. Mas, os predicados de cronista-repórter acentuam-se sobretudo com Maxambombas e Maracatus. A revivescência de folkways, instituições, mores, tipos sociais, ideias, atitudes e sentimentos de épocas passadas, extintos ou já um tanto diluídos