A nossa amizade começou a cem quilômetros por hora. 28 anos são passados, e cada vez mais admiro e estimo esse bom amigo.
É escusado dizer que me tornei um habitué da Revista do Brasil, instalada no segundo andar de um prédio da Rua "Boa Vista".
Quando se aproximava o fim do mês, as sessões cresciam de importância: era o empacotamento e distribuição da Revista - verdadeiro muxirão em que todos trabalhavam: os raros empregados da "redação", Lobato e os colaboradores. Entre estes, contava se a flor da nova geração, nos diversos ramos do saber humano. Cito, só com o auxílio da memória: Dr. Artur Neiva - grande cientista e Diretor do Serviço Sanitário; Dr. Artur Mota - ilustre engenheiro e Diretor da Repartição de Águas; Malta - engenheiro competente, notável matemático e homem de letras; Manoel de Oliveira Filho - o Manéquinho - entomologista de valor; Amando Caiubí - jovem escritor. Leo Vaz, o autor do "Professor Jeremias", Paim Vieira, o Paim da estilização da cerâmica marajoara. E muitos outros, de que no momento não me lembro. Ia me esquecendo de uma figura interessante - o Correia. O Correia era, alto, magro e louro. Bigodes fartos, de pontas caídas. Começo de calvície. O Correia não escrevia, mas se dava ao luxo de ser crítico de poesias. E suas críticas não eram descabidas.
Toda essa gente, e mais quem estas linhas está rabiscando - empacotava a Revista.
Como tenho saudades dessas noites! Eram verdadeiras tertúlias de arte e bom humor, em que as piadas cruzavam o ambiente, quase sempre provocado gostosas gargalhadas.
- Vocês querem saber de uma coisa engraçada? - disse -o Lobato, dirigindo-se à turma de empacotamento -