o Manéquinho meteu na cachola do Correia isto: o Correia, depois de uma noitada no Bar Baron, fez-lhe a confidência de um caso amoroso. O Manéquinho não entrou em pormenores e o Correia ficou na dúvida, se disse ou não disse. Que coisa engraçada! (E o Lobato soltou uma ruidosa gargalhada). Que estado d'alma interessante! Não vi ainda este assunto explorado na literatura: nem em romances, nem em comédias.
Quantas vezes, no duelo de espírito que se travava entre os dois, o Manéquinho ameaçava o Correia de "contar tudo". E o Correia, naquela dúvida atroz, calava se resmungando.
- Este Manéquinho!... continuava o Lobato. Só usa a barba para encobrir o moleque que é.
E o Lobato? Poder-se-ia dizer o mesmo: aquelas suas grandes e bastas sobrancelhas, quais mandorovás hirsutos, que faziam gaguejar a quem pela primeira vez falava com ele, só serviam para acobertar um coração bom, lhano, aberto constantemente às causas nobres.
E assim, entre brincos e gracejos, a Revista do Brasil tornou-se o centro de irradiação cultural, que marcou o início de uma nova era na literatura brasileira, e, principalmente, deu começo à indústria do livro no Brasil.
Em 1919 a Revista publicou os meus artigos: - "Cinco anos no norte do Brasil", à guisa de comentário, ou notas à margem, ao relatório do Dr. Artur Neiva e Belisario Pena. Os artigos, pela matéria neles tratada, agradaram, e o Lobato me propôs enfaixá-los num volume.
- Porque você não publica o livro? - interpela-me o Dr. Neiva. Aproveite a proposta do Lobato!