Entramos no escaler. Para começar, entramos dar e a levar trancos.
- Olhe a mão na borda do braço patrão! Grita o catraieiro, - Fique firme no banco! Não tenha medo de "papôco"!
- De "papôco" não tenho medo; não quero é sair molhado para terra, disse eu aparentando uma calma que estava longe de possuir.
Chegamos ao pontilhão de desembarque. O catraieiro encostou o bote ao lado da escada, e, dando-me a mão forte e calejada pelo trabalho rude do mar, preveniu-me que, ao pular, devia fazê-lo sem hesitar; uma vez no degrau da escada, subi ligeiro para evitar a onda que vinha rebentar embaixo dela - era o momento do banho! Com presteza e agilidade, saltei do barco e subi os degraus da escada. Uma vez salvo, ronquei valentia... Fiquei alguns momentos de palanque, vendo o apuro de meus companheiros de viagem. Desembarcavam senhoras e crianças aos gritos e em choro. O mar, cada vez mais bravio, agitava aqueles escaleres cheios de gente, como cascas de amendoim. Momentos havia em que os gritos dos embarcadiços pedindo auxílio aos companheiros e calma às pessoas, se mesclavam às vozes de pavor dos que queriam desembarcar - uma confusão tremenda que aturdia, qual verdadeiro pandemônio. Que tragédia saltar em Fortaleza! Os elementos naturais parece que porfiam em tornar rija a fibra do cearense... e dos seus amigos também.
Fortaleza é uma cidade interessante e original. A Praça Ferreira fica no alto e dela se descortina a imensidão do mar. Acho que nasceu aqui aquela anedota dos dois compadres, o do interior e do da cidade.
- Compadre, que açudão pai-d ‘água é esse aí? Perguntou o do interior.