Poti (camarão em tupi), vila impermeável ao progresso, que, segundo a tradição, foi fundada pelo notável bandeirante, Jorge Velho. Está situada na foz do rio do mesmo nome, que é afluente do Parnaíba.
Antes do almoço, fomos dar umas voltas pela vila. A sua população, na sua maioria, era constituída por pescadores e agricultores de "vazantes". Aproveitavam para sua agricultura as margens dos rios Poti e Parnaíba. As casas eram de palha. Uma ou outra, em que moravam os maiorais da terra, eram de pau a pique e barreadas.
Poti Velho, como também era conhecida a vila, fica a poucos quilômetros de Teresina. Com uma canoa a gasolina, seria um passeio rápido e agradável.
Pela primeira vez, à sombra de um enorme tamarindeiro vi fiar fibra de palmeiras tucum.(16) ) Nota do Autor A fibra do tucum é uma das mais resistentes que se conhecem: um fio de uns dois milímetros de diâmetro é impossível de ser rebentado com as mãos limpas. É muito empregado nos petrechos de pesca. Não sei por quê não é aproveitado na indústria de tecelagem. No vale do rio Parnaíba havia matas extensas de tucum.
Durante o saboroso repasto, a conversa se generalizou. Muitos assuntos constituíram temas de discussão. Um havia, porém, que preocupava o Prefeito Paz: uma linha de bondes para ligar Teresina a Poti. Queria transformar aquela vila em ruínas, no bairro elegante da capital. Não haveria dúvida: as famílias mais distintas da cidade construiriam elegantes vivendas para os não menos elegantes e desenfastiantes weekends. Porque não? Os piauienses não eram infensos ao progresso.