Doutrinariamente, porém, a luta é interessante, não só porque conduz os franceses à compreensão mais segura do regime representativo, senão também porque vai refletir na orientação política de outros povos cultos. Ao lado de Guisot forma-se o Centro da Direita, e com Thiers, o da Esquerda. Este defende a conhecida fórmula - o rei reina, não governa -, mais tarde sustentada no Brasil pelo conselheiro Nabuco (o Pai) e o outro entende que, a despeito da maior consideração exigida pela maioria parlamentar, nem sempre era o soberano obrigado a cingir-se estritamente às deliberações por ela manifestadas.
Luiz Felipe chama ao seu Conselho ora um, ora outro dos representantes desses dois princípios antagônicos, e, afinal, fatigado talvez de alternativas que não asseguram a estabilidade do governo, confia de Molé, seu amigo pessoal, a organização do gabinete de 15 de julho de 1837, o que enegrece a luta política com o lamentável fator do poder pessoal. Lamartine, Montalembert, Bugeaud e Duvergier ilustram a tribuna com orações modelares, mas o regime estalava nas linhas de seu frágil arcabouço.
Efetivamente, a 27 de janeiro de 1848, Tocqueville sobe à tribuna e traça sombrio quadro dos costumes públicos e sociais da época, como se estivesse a erguer, com a antecedência de um século, o velário das grandes misérias que levariam hoje a França à dolorosa agonia que o mundo testifica cheio de pavor.
Um mês depois explode, das camadas populares, cuja calmaria o governo interpretava como significação de paz e tranquilidade, a insurreição que precipitaria o trono à rocha tarpeia, e chamaria, com o sufrágio universal, o príncipe Napoleão ao capitólio republicano.
Diversas questões, que então se ergueram, esboçam no plano da história parlamentar da França, oradores