do artesanato e do funcionalismo débil do Estado nas vilas e povoados circunvizinhos. Os fazendeiros de café que aproveitaram inicialmente os escravos e depois os colonos imigrantes seguiram as pegadas dos senhores de engenho. A mentalidade feudal, criada em terras brasileiras, não se alterou no ano de 1888 com a saída dos escravos de engenhos e fazendas para as vilas e cidades. Estas permaneceram sob a gestão dos grandes proprietários rurais, mesmo com o advento da República.
Até hoje, no interior do país, observa-se influência manifesta dos latifundiários na vida dos municípios.
Sob o ponto de vista psicossocial, o abandono do sertão é um legado que muitos brasileiros receberam dos ascendentes.
Nos séculos XIX e XX operou-se um movimento migratório inverso dos séculos anteriores. Deu-se um desfalque qualitativo de material humano no interior. Os homens de maior energia, de grande força de vontade, trocaram o sertão pela vizinhança do mar. Voltaram do Oeste para o Leste, onde a civilização crescente dava-lhes mais independência e maior conforto material. Deixaram nas vilas e povoados distantes, isolados na imensidão do território, sem meios fáceis de comunicação, os fracos de corpo e espírito - velhos e crianças, privados de iniciativa, dependentes do regime econômico feudal e destinados a regredirem numa vida apática. Aquelas cenas que se passavam nas fraldas da Serra do Mar no século XVII, quando as vilas se despediam de indivíduos corajosos que demandavam o sertão, este assistiu, por sua vez, quando a urbanização do litoral se incentivou.