Hipólito da Costa e o Correio Braziliense

PREFÁCIO

ESTA OBRA é o resultado de dez anos de estudos e investigações encetados ao terminar o capítulo "O Fundador da imprensa brasileira" do meu trabalho "O livro, o jornal e a tipografia no Brasil". Naquela época, por um golpe de sorte, adquiri em Buenos Aires a coleção completa do Correio Braziliense, de suma raridade. Lendo-o, confirmei-me nas lacunas e deficiências, antes constatadas na biografia de Hipólito da Costa, e no geral desconhecimento do sentido e da extensão da sua ação jornalística. Ignorava-se: onde fora sepultado; se existiria o seu túmulo; que família constituíra; que filhos deixara; e se destes haveria descendentes atuais.

Tampouco se sabia: o exato motivo e o efeito da sua primeira estada em Londres; a profundidade de suas relações com o duque de Sussex; a natureza de sua desavença com o ministro português na Inglaterra; se este o processara mesmo por crime de difamação, quando e com que desfecho; se, de fato, fora o jornalista naturalizado cidadão britânico; e se cedera ou não ao suborno oferecido pelo mencionado diplomata.

Todos esses pontos básicos estão esclarecidos e documentados nesta obra.

Também esclareci, ou procurei esclarecer, analisando os escritos de Hipólito da Costa à luz das controvérsias que suscitaram, e dos fatos envolventes, a influência por ele exercida na formação da nossa consciência pública, salientando as razões que, levando-o a longo e pertinaz combate aos erros e males sociais, administrativos e políticos do Brasil e de Portugal, também o levaram a opor-se à separação dos dois Reinos. Apologista estrênuo da Monarquia Portuguesa, una e indivisa, na forma constitucional e representativa da Inglaterra, Hipólito só capitularia com a Independência em julho de 1822.

Hipólito da Costa e o Correio Braziliense - Página 15 - Thumb Visualização
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