Vice-Reinado de D. Luís D’Almeida Portugal, 2º Marquês do Lavradio 3º Vice-Rei do Brasil

Tendo tomado posse do Governo a 4 de novembro, ia no dia 7 assumir a Presidência da Relação.

Este tribunal devia ter, além do chanceler, sete ministros, mas faltavam dois e não era possível darem expediente a todas as obrigações de que estavam encarregados, porque além dos grandes encargos que tinham achado, haviam sido incumbidos de várias diligências pertencentes aos bens dos jesuítas nas diferentes administrações que tinham no Brasil, o que os tinha obrigado a ir pessoalmente concluir essas diligências e durante todo esse tempo parou o despacho por não haver quem os substituísse, acrescendo que, quando se recolheram de tais trabalhos, a maior parte adoeceu gravemente e por mais que se esforçassem não podiam vencer tão grande serviço.

Daqui resultava o atraso e desordem em que se achava a justiça e o Vice-Rei pedia ao Conde d'Oeyras que não só nomeasse os dois ministros que faltavam, mas mais um ou dois supra numerários para ajudar este grande trabalho.

Lamentando o Marquês a progressiva e rápida destruição das árvores que produziam a preciosa madeira chamada Topinhoam, tão procurada para a construção de navios, tratou de fazer sementeiras para reparar a falta das matas destruídas; todas as pessoas porém a quem ele se dirigiu responderam-lhe que não era possível porque o Topinhoam não produzia semente, contudo não se convencendo do que lhe diziam, até pelo que tinha observado, segundo ele mesmo refere ao secretário de estado.

Tantas diligências fez, que descobriu que fora da cidade vivia um desgraçado português, que havia sido construtor de navios, e que tendo perdido esse ofício se tinha retirado para aquele sítio onde cultivava um pouco de terreno para do seu produto sustentar a pobríssima família.

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