História geral da agricultura brasileira v.2

grande quantidade de várias sementes de Jamaica; e tendo o Dr. Moss e Coronel Brown me pedido que lhes obtivesse algumas sementes de algodão de Pernambuco, enviei-lhes três grandes sacos, dos quais Leavet se utilizou acidentalmente. Numa carta a mim dirigida, no ano de 1789, disse ele: "Precisando dos sacos para colheita dos meus produtos, esvaziei-os no monturo e aconteceu que era estação úmida; na primavera, multidão de plantas cobria o local. Arranquei-as e transplantei para dois acres de terreno, e muito gratamente me achei com abundante colheita."

Assim, teria tido origem no Brasil, em Pernambuco, o famoso Sea Island. Folden, porém, considera-lhe duvidosa a origem. Watt concorda, e acrescenta: "Muitos escritores, por exemplo, dizem que, quando introduzido pela primeira vez na América, o algodão Sea island era perene e que, devido à brevidade do verão na Carolina do Sul e Geórgia, os frutos raramente amadureciam. Devido ao acidente dum inverno brando e à seleção para capulhos para amadurecimento, tem-se gradualmente conseguido uma estirpe com feição anual diretamente adaptada às condições climáticas de limitada região dos Estados Unidos. Esta nova e muito especial estirpe abrange todos os graus superiores dos algodões mais valiosos do mundo, e é, de fato, o verdadeiro Sea Island."

O Gossypium brasiliense Mart., diz Green, "muito cedo atraiu a atenção na história do Brasil". É mencionado por Jean de Léry, em 1557, e, mais tarde, por Gabriel Soares de Sousa, em 1570, e outros. É a arvorezinha caseira, que brota nos beirais, com suas grandes folhas, e à qual a mulher do jeca recorre cada vez que necessita de algodão para o pavio do candeeiro ou da candeia. Diz ainda Green que "existem, sobre grande área no Brasil, excelentes algodões nativos e muitos tipos interessantes que têm sido levados daqui para fora e, desenvolvidos por seleção, criação e bom cultivo, têm dado as mais famosas fibras cultivadas do mundo". Registre-se o depoimento, tão valioso na história do algodão brasileiro. Registre-se, mais, que, enquanto somos assim desprendidos, o ciúme caracteriza os outros centros algodoeiros do mundo. Diz Emílio Castelo, antigo diretor da Escola Agrícola de Piracicaba, que "as sementes destes produtos — refere-se ao Sea Island — são destruídas pelos produtores extremamente ciumentos de seu produto. Há poucos anos, organizou-se uma associação para impedir a saída das sementes das ilhas James, Edisto e John, onde se produz a mais longa e valiosa fibra, tendo-se até organizado uma fábrica de óleo para consumir toda a semente. Não foi sem dificuldade que conseguimos penetrar em algumas dessas plantações, graças à amabilidade de Mr. L. Sloam, que lá nos levou a título de mostrar-nos os destroços do furacão que ultimamente assolou aquela região".

O programa de ação do Instituto Agronômico de Campinas, no tocante ao algodão, visa obter algodoais com este conjunto de caracteres:

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