Cor e mobilidade social em Florianópolis

a que chegaram aqueles seus colegas, que permitiriam estabelecer interpretações mais integrativas das relações entre a estrutura social e a economia, o fluxo histórico, as repercussões dos padrões de gosto ou de consumo literário na organização do público e no destino final das produções intelectuais, etc.

O presente livro convida-nos a tais reflexões. A razão disso é simples. Ele constitui um índice flagrante de que certas tendências de produção científica acabaram por fixar-se em nosso meio. Ele força-nos a pensar na contribuição dos cientistas sociais em termos de processo - de algo que tem continuidade, dimensão e sentido próprios. Seus autores, que fazem parte dos cientistas sociais mais promissores da nova geração, nele nos dão uma amostra do padrão de trabalho que está guiando, efetivamente, as exigências e as ambições dos investigadores que possuem boa formação especializada. Por acaso, trata-se da primeira experiência de ambos na realização de um projeto completo de pesquisa e na redação de uma monografia. Além disso, a própria pesquisa foi feita nas condições habituais de escassez de recursos, impondo sérias limitações do período de permanência em campo e na exploração das técnicas acessíveis de investigação. Condições aleatórias como essas seriam irrelevantes para a avaliação das tendências fundamentais de desenvolvimento da sociologia em centros científicos mais avançados. Em face da situação brasileira, entretanto, elas possuem profunda significação. A razão disso é simples: elas revelam com clareza os ideais de trabalho reputados essenciais, pelos cientistas sociais brasileiros, encarados como verdadeiros "mínimos" em sua definição dos objetivos da investigação científica das sociedades humanas.

Pode-se constatar a veracidade dessa conclusão, em primeiro lugar, no plano metodológico. A monografia

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