PREFÁCIO
O PROGRESSO das ciências sociais no Brasil vem se refletindo de modo extenso e profundo no volumee na qualidade das investigações sobre relações étnicas e raciais. Semelhante tendência é muito natural, pois o nosso país constitui, como se diz vulgarmente, um cadinho de raças e de culturas. Ainda que tais investigações se proponham móveis empíricos e teóricos - até o presente, todas elas foram empreendidas com o objetivo de aumentar nossos conhecimentos sobre as diferentes situações de contato interétnico ou racial, caracterizáveis na sociedade brasileira - indiretamente elas satisfazem necessidades práticas de alcance coletivo. Ninguém ignora o quanto a heterogeneidade cultural e racial afetou, está afetando e continuará a afetar as possibilidades de desenvolvimento da "civilização ocidental" no Brasil. Sob esse aspecto, as questões pertinentes ao assunto possuem o caráter de problema nacional, o que confere às investigações realizadas ou em curso um interesse prático iniludível.
O público leigo nem sempre atenta, convenientemente, para a mencionada significação dessas investigações. Estamos tão convencidos de que "o Brasil constitui uma democracia racial", que aplicamos mal mesmo as regras do bom senso na avaliação dos resultados a que chegam os investigadores. Com raras exceções, questionam-se os resultados à luz de argumentos que outra coisa não fazem senão justificar e