estágios de diferenciação e reintegração da sociedade brasileira e, por conseguinte, do sistema de relações sociais no Brasil. A formulação e o aproveitamento dessa ideia abre novas perspectivas quer aos estudos de caso, quer à elaboração comparativa dos resultados que se consigam obter através deles.
A mesma conclusão pode ser corroborada pelas implicações e contribuições da monografia no plano estritamente empírico. A significação do preparo especializado aqui se revela plenamente. Os autores evitaram a pretensão de reconstruir e de explicar "tudo", a qual transparece, desordenadamente, em quase todas as tentativas precedentes de análise histórico-sociográfica da realidade brasileira. Restringiram-se aos aspectos do sistema de relações raciais e da sociedade global que precisavam ser "conhecidos", como condição para a escolha dos casos. Mas, esses aspectos foram reconstruídos e analisados metodicamente, ainda que nos limites de uma sondagem exploratória. Assim se explica o grau de sucesso alcançado pelos autores em dois níveis distintos. De um lado, na compreensão e interpretação de certos fenômenos ainda mal conhecidos na sociedade brasileira - a estrutura da economia colonial; os influxos dessa economia nos processos de crescimento econômico; as conexões existentes entre as bases econômicas do sistema social e a organização das relações raciais; as origens e as funções sociais dos estereótipos raciais; as situações de interesses e os valores sociais que promovem o solapamento ou o reforço dos estereótipos raciais; etc. De outro, na maneira de definir e compreender a situação de contato em termos da totalidade das condições, fatores e produtos de um mesmo continuum histórico-social: o que permitiu descrever os diversos aspectos dinâmicos do sistema de relações raciais, em sua formação, em sua evolução, em sua integração